"A Batalha de Smolensk em 17 de agosto de 1812" (1846), de Peter von Hess
RIA NôvostiAté o século 18, os comandantes militares dos exércitos russos eram geralmente membros da aristocracia. Um corpo completo de oficiais surgiu somente sob Pedro, o Grande, após uma derrota pesada em Narva que forçou o Tsar a modernizar as forças armadas. Durante o reinado de Catarina, a Grande, a reputação dos oficiais russos se espalhou por toda a Europa. No início do século 20, a Rússia perdeu um número considerável de líderes militares na Primeira Guerra Mundial e na Guerra Civil, mas uma nova geração de líderes surgiu durante a Segunda Guerra.
Dmítri Khvorostínin, século 16
Foto: Arquivo
Khvorostínin era o “homem de apagar incêndio” do tsar Ivan, o Terrível. Era enviado para comandar tropas ao longo das frentes mais difíceis e quase sempre venceu suas batalhas. Assim que repeliu as tropas suecas na fronteira norte do país, Khvorostinin recebeu a missão de salvar os moradores da Rus Kievana dos tártaros. Após mais uma vitória, foi então enviado ao Báltico para lutar contra os lituanos.
Na Guerra da Livônia (contra coalizão formada por Dinamarca, Grão-Ducado da Lituânia, Reino da Polônia e Suécia), os exércitos europeus eram superiores ao russo em termos de tecnologia, mas Khvorostínin conseguiu afastá-los por meio de ataques agressivos e estratégicos.
“Ele é o seu principal homem, que é ainda mais necessário em tempo de guerra”, escreveu o embaixador inglês Giles Fletcher sobre Khvorostínin, em seu livro “Sobre o governo da Rus”, publicado em 1591. Talvez seja por causa dessa reputação que Khvorostínin não foi executado depois de descumprir uma das ordens de Ivan. Em vez disso, o tsar ordenou que ele se vestisse com roupas femininas e moesse farinha.
Aleksandr Suvorov (1730-1800)
Suvorov, em 1799 Foto: Joseph Kreutzinger/Museu Hermitage
Aleksandr Suvorov era considerado um excêntrico. Ficou conhecido por correr nu à noite, dançar valsa fora do ritmo nas festas imperiais, trombando deliberadamente em outros casais, e chegar para o almoço usando apenas um sapato. Quem que conhecia Suvorov, porém, não se deixava levar por sua aparência. “A Espada Russa, Flagelo dos Turcos e Tempestade dos Poloneses. Violento nas ofensivas, destemido por natureza, era a imagem de Átila”, descreveu Luís 18 em suas memórias.
Por esses motivos, Suvorov foi, talvez, o maior comandante russo de todos os tempos. Não perdeu uma única de suas 63 batalhas, ainda que, por vezes, enfrentasse inimigos muito superiores em quantidade. Concentrava as forças no ataque, e sua estratégia ofensiva se baseava na velocidade e na confiança em seus homens. Aliás, era bastante querido entre os militares. Hábil em logística, treinava seus soldados para que tivessem iniciativa e astúcia em vez de focar exercícios repetitivos.
A vitória mais famosa de Suvorov foi sua campanha acerca dos Alpes. Em 1799, o Exército russo na Suíça foi cercado. Estavam sem munição, sem comida, e as botas já estavam gastas. Teria sido um milagre manter-se firme sob tais circunstâncias: Suvorov assumiu o desafio, conduzindo seus exércitos por montanhas nevadas, lagos e um inimigo hostil. Ao final, os russos escaparam e perderam menos homens que os franceses.
Michael Andreas Barclay de Tolly (1761-1818)
Barclay de Tolly, em 1829 Foto: George Dawe/Galeria Militar do Palácio de Inverno
Barclay de Tolly foi comandante do Exército russo durante a invasão da Rússia por Napoleão, em 1812. O imperador francês esperava derrotar as tropas russas na fronteira e forçar o tsar a aceitar seus termos para a paz. Em junho, o Exército francês era muito superior ao russo; Barclay de Tolly sabia que enfrentá-los seria desastroso. A decisão foi recuar, sacrificando sua reputação, queimando aldeias e plantações por onde passavam. E a estratégia funcionou. Em vez de conquistar uma rápida vitória, os franceses foram obrigados a seguir os russos até Moscou.
Os soldados franceses estavam literalmente morrendo de fome e foram atacados por trás pelos cossacos enquanto o inverno se aproximava. A aristocracia exigia, porém, uma batalha corajosa de Barclay em vez de um recuo “vergonhoso”. “Aquele velhaco do Barclay desistiu de uma posição gloriosa”, escreveu o general Piotr Bagration.
O comando do exército passou para o general Mikhail Kutuzov, e Barclay de Tolly enfrentou a ira do povo. Foi, inclusive, atingido deliberadamente por um disparo na Batalha de Borodinó – mas sobreviveu para ver sua estratégia triunfar. Novamente nomeado comandante após a morte de Kutuzov, Barclay de Tolly conduziu o exército russo ao longo do trajeto até Paris.
Konstantin Rokossôvski (1896-1968)
Foto: Gregóri Vail/RIA Nôvosti
A crença de Rokossôvski no partido Rodina (União Patriótica Nacional), não foi rompida nem mesmo durante o tempo que esteve preso durante as purgas do final dos anos 1930. Em 1940, Stálin perdoou o futuro Marechal da União Soviética e, um ano depois, essa decisão se mostrou acertada. Após os alemães invadirem a União Soviética, as tropas de Rokossôvski lutaram em pontos cruciais no Fronte Oriental. Sua divisão reteve tanques alemães na Batalha de Moscou, em 1941; no ano seguinte, o exército de Rokossôvski cercou os alemães em Stalingrado; já em 1943, derrotou a Wehrmacht em Kursk, que representou uma reviravolta na guerra.
A fama de Rokossôvski, entretanto, vem sobretudo da organização e execução da Operação Bagration, em 1944. Depois de enganar os alemães , fazendo-os acreditar que planejava um ataque pela Ucrânia, o Exército Vermelho atingiu posições alemãs na Bielorrússia. A frente alemã desmoronou. Em dois meses, o Exército Vermelho libertou a Bielorrússia, a Lituânia e o ocidente da Ucrânia dos nazistas.
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