Vissótski e a atriz francesa Marina Vlady se conheceram em 1967
Getty ImagesAnna Akhmátova e Isaiah Berlin
Em novembro de 1945, a celebrado filósofo de Oxford Isaiah Berlin, membro da diáspora russo-judaica, embarcou em uma viagem para o país onde nasceu. Uma das mentes mais brilhantes do século 20, Berlin sempre foi fascinado com a cultura russa e tinha trabalhado duro para torná-la popular no exterior. E, como escreveu certa vez, “desejava conhecer” Akhmátova desde que foi apresentado à sua poesia.
Enquanto matava tempo em uma das livrarias de Leningrado (atual São Petersburgo), Berlin iniciou uma conversa com um homem que, por acaso, era um crítico literário bem conhecido. Sem muita esperança, Berlin perguntou ao novo colega se Akhmátova ainda estava viva. Para sua surpresa, o homem não só respondeu positivamente, como lhe perguntou: “Você gostaria de conhecê-la?”.
Isaiah Berlin em Oxford, em 1950 (Foto: Getty Images)
Um encontro entre eles foi marcado, e logo Berlin conheceu Akhmátova no apartamento da poeta, localizado na margem do rio Fontanka. Na época, Akhmátova tinha 56 anos, enquanto Berlim estava com 36. Os boatos de um breve caso de amor entre os dois inspirou, mais tarde, um show off-Broadway e até mesmo uma ópera, apesar de Berlin desmentir veemente que algo tenha ocorrido.
Uma coisa é certa, porém: a reunião teve consequências políticas, e Stálin estava furioso com o fato de uma “freira” ter recebido a visita de um “espião” britânico. Anos mais tarde, Akhmátova teria dito a Berlin que acreditava que seu encontro em Leningrado e a subsequente fúria de Stálin realmente causaram a Guerra Fria.
Retrato de Akhmátova por Kuzma Petrov-Vodkin (Imagem: Global Look Press)
Vladímir Vissótski e Marina Vlady
Em 1967, a famosa atriz francesa Marina Vlady, nascida de pais russos, teve a primeira chance de conhecer Vladímir Vissótski, o renomado ator e bardo russo no teatro Taganka, em Moscou. Ambos tinham então 29 anos, mas Vissótski já era considerado um ícone cultural na União Soviética.
Ele abordou Vlady no restaurante Casa do Ator, em uma ocasião que ela lembraria anos depois: “De canto de olho, vejo um jovem baixo e mal vestido vindo em direção a nós. Olho para ele, e seus olhos cinza-claro atraem minha atenção por alguns segundos. (....) Ele se aproxima, pega em minha mão silenciosamente e não a solta por um bom tempo, então a beija, senta-se à minha frente e não tira os olhos de mim.”
Vlady e o marido, Vissótski (segundo à dir.), na celebração de 10 anos do teatro Taganka (Foto: Anatóli Garanin/RIA Nôvosti)
Após esse primeiro – e breve – encontro, Vissótski se divorciou e deixou seus dois filhos, para então se casar com Vlady em 1970. Ao longo desta década, o casal manteve um relacionamento a distância, que terminou com a morte do autor russo, em 1980. Embora o bardo tivesse um caso de dois anos com uma amante muito mais jovem, Oksana Afanassieva, o casal jamais se divorciou oficialmente.
Serguêi Essênin e Isadora Duncan
Quando a renomada bailarina norte-americana Isadora Duncan estava em um navio com destino à Rússia soviética, uma adivinha previu seu casamento em um país estrangeiro. Feminista dedicada, Duncan havia se abstido voluntariamente de casamento havia 44 anos e, por isso, não levou a sério o aviso – até que conheceu o poeta russo Serguêi Essênin. Aos 26 anos de idade, ele já era um herói literário nacional com fama de arruaceiro. Os dois não falavam a língua um do outro, mas isso não foi obstáculo. A paixão inicial logo se desfez, porém, quando o ego do russo se viu ameaçado: durante uma viagem do casal para os EUA, Essênin teve que tolerar o fato de sua mulher ser uma celebridade maior no país.
Retrato de Essênin, Duncan, e filha adotada pelo casal, Irma (Foto: Edward Steichen)
Vladímir Maiakóvski e Elly Jones
Quando Maiakóvski, um dos fundadores do movimento futurista russo, chegou a Nova York, no verão de 1925, o poeta foi apresentado a uma mulher de 20 anos, de ascendência alemã e nascida no Império Russo, mas obrigada a fugir depois da Revolução. Por três meses, Elly Jones foi assistente do poeta, que não falava inglês.
Maiakóvski em 1926 (Foto: Nikolai Petrov/RIA Nôvosti)
Maiakóvski, então com 32 anos, insistiu em manter o relacionamento em sigilo, porque o romance entre uma das principais vozes da revolução e uma mulher que procurou asilo do regime soviético nos EUA teria inevitavelmente complicado a vida do autor quando voltasse para casa. Depois de o poeta deixar os Estados Unidos, Jones deu à luz a filha do casal, Helen Patricia Thompson – uma escritora e professora que contribuiu para o estudo do legado de seu pai biológico.
Retrato de Elly Jones (Foto: Tinker Coalescing)
Iossif Bródski e Maria Sozzani
Source: @BrodskyJoseph/Facebook
A jovem estudante italiana Maria Sozzani conheceu Iossif Bródski durante uma palestra do russo em Paris. Na época, Bródski, aos 50 anos, já tinha recebido um Prêmio Nobel e morava em Nova York. O casamento começou com uma carta que Sozzani, de 25 anos, escreveu após a palestra. O casal teve uma filha em 1992, três anos antes de o poeta morrer em decorrência de um ataque cardíaco. Foi Sozzani quem decidiu levar os restos do poeta para Veneza, onde agora está enterrado.
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