Makssímova sob o olhar do artista Valéri Kossorukov.
Aleksander Krassávin/RIA NôvostiÁlla Chêlest (1919-1998)
Chêlest no balé "Fonte de Bakhtchissarai", de Borís Assafiev. / RIA Nôvosti
Desde quando ainda era uma jovem estudante, não havia dúvida de que Chêlest era dotada de um talento brilhante. Tudo nela era harmonioso: as proporções do corpo, o domínio da técnica do balé, um rosto que se transformava facilmente com maquiagem teatral.
Na escola de balé em São Petersburgo, a jovem era a favorita de Agrippína Vagânova, a grande reformadora da metodologia de ensino do balé. É claro que Chêlest logo ganhava os papéis principais no “Teatro Kírov” (atualmente, “Marínski”), em São Petersburgo.
Dotada de brilhante temperamento trágico, ela era favorita dos coreógrafos, e é considerada coautora do papel de rainha Mekhmene Banu em “A Lenda do Amor” do jovem Iúri Grigórovitch, seu marido então.
Fonte: YouTube/Allga383
Apesar disso tudo, lhe faltava algo: ela não lutava pelos próprios interesses e nunca interpretou os papéis com os quais sonhava. Também, pudera! Naquela época trabalhavam estrelas e mais estrelas no efervescente “Teatro Kírov”: Dudínskaia, Ulânova, Ossipênko etc.
Foi só quando estava perto de se aposentar que Chêlest recebeu o papel de “Giselle”, que interpretou uma única vez. A apresentação foi um evento memorável para todos que a assistiram, e tem apenas uma filmagem. A bailarina se despediu dos palcos em 1963.
Nina Timofêieva (1935-2014)
Marido de Nina morreu no camarote do "Testro Bolshoi" no dia de sua apresentação como Lady MacBeth. / Aleksandr Makarov/RIA Nôvosti
Só o fato de Timofêieva ter ganhado o papel principal em “Lago dos Cisnes” no primeiro ano após se formar na “Academia de Balé Vagânova” mostra que o “Teatro Kírov” nutria grandes esperanças em relação a essa jovem dançarina. Mas ela relembrava que já no dia seguinte a mandavam servir de apoio a um candelabro em meio aos figurantes da Ópera Dubróvski.
Em seguida, a moça era retirada às pressas do corpo de baile para ganhar outro papel principal, em um exercício de exaltação e diligência constante. Mas a orgulhosa Timofêieva não podia se conformar com isso e, em 1956, deixou o “Kírov” e partiu para o “Teatro Bolshoi”, em Moscou, onde foi uma das primeiras alunas da lendária Galina Ulânova.
Fonte: YouTube/Доктор Кузьмич
Alta e imponente, Timofêieva não conhecia obstáculos técnicos, encaixava-se perfeitamente no estilo soviético de balé. Mas ela entrou em cena em uma época em que esse vivia seus últimos dias e teve que se adequar ao repertório lírico padrão. Porém, até “Giselle” ganhava um toque individual dessa bailarina.
Fora dos palcos, Timofêieva também passou por provações. Com o fim de seu longo casamento com o maestro Guennádi Rojdêstvenski, a dançarina casou-se com o compositor Kiríll Moltchanov, que criou para ela o balé “Macbeth”. No espetáculo, Timofêieva ganhou papel principal, mas para seu infortúnio o compositor morreu no camarote do "Teatro Bolshoi" no dia da estreia.
Álla Ossipênko (1932)
Depois de largar um destino brilhante e partir com a trupe do marido, Ossipênko se apaixonou, largou, foi largada e sobreviveu a uma morte trágica. / RIA Nôvosti
Uma das últimas alunas de Vagânova, Ossipênko impressionava de primeira por sua beleza aristocrática. Mas suas pernas não assimilavam o virtuosismo em voga no balé soviético. Assim, Vagânova chegou a liberar a aluna da execução de um fouetté no exame final na Academia de Balé.
Enquanto outros venciam pelo virtuosismo e energia, Ossipênko impressionava pela sofisticação e requinte, e o repertório clássico padrão não era suficiente para seu talento. Ossipênko participou de estreias revolucionárias de Iúri Grigórovitch como “A Flor de Pedra” e “A Lenda do Amor”.
Fonte: YouTube/Alexander Bogdanov
Mas após se mudar para Moscou, ela fez algo inacreditável: abandonou a posição de primeira bailarina do “Teatro Kírov” e, junto a seu marido e parceiro John Markov, passou a fazer parte de uma trupe de artistas quase amadores criada por Leonid Iacobson. Alguns anos mais tarde, Ossipênko ingressou na nova equipe do jovem coreógrafo Borís Eifman.
A dançarina se mostrou tão brilhante no cinema quanto no balé em papéis secundários nos filmes de Aleksandr Sokurov “A indiferença Dolorosa” e “Arca russa”.
Dotada de uma personalidade fora do comum, Ossipênko se casou, apaixonou-se, abandonou e foi abandonada várias vezes, criou um filho e sobreviveu a uma morte trágica. Atualmente, ela atua como professora particular, e seu trabalho é elogiado com entusiasmo por jovens bailarinas.
Ekaterina Makssímova (1939-2009)
Makssimova sofreu um acidente durante a dança, feriu a coluna vertebral e ficou impossibilitada de ter filhos e também de dançar por um período. / Aleksander Makarov/RIA Nôvosti
É difícil imaginar uma bailarina com mais fama que Makssímova. A moça ainda era uma estudante quando foi apresentada como garota-prodígio à rainha da Bélgica e ao proeminente coreógrafo dinamarquês Harald Landeru. Assim que concluiu a escola de balé, ganhou papel principal em “A Flor de Pedra” e obteve sucesso fenomenal durante a primeira turnê do “Teatro Bolshoi” nos Estados Unidos e na China.
Em seguida, Makssímova formou um dueto com o colega Vladímir Vassíliev no palco - e, depois, na vida. O casal foi escolhido para protagonizar o filme de propaganda “A União Soviética com o coração aberto”. Graças às filmagens, a dupla passou a lua de mel em Paris.
Fonte: YouTube/Dmítry Donskóy
Makssímova era um ímã de papeis importantes, amores e reconhecimento. Ainda na era soviética, ela ganhou papel principal em "Romeu e Julieta", de Maurice Béjart, foi convidada por Roland Petit para integrar o “Balé de Marselha” e estrelou no filme "Traviata", de Franco Zeffirelli.
Poucos sabem, porém, que devido a uma queda sofrida em 1975, enquanto realizava um movimento em que era erguida pelo parceiro, a bailarina teve uma lesão na coluna vertebral. Devido a isso, passou meses no hospital e não pode ter filhos. A recuperação foi lenta, mas ela voltou aos palcos e dançou ainda por muitos anos.
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