Liderada por brasileiro, missão à Antártica segue a bordo do quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov

Akademik Tryoshnikov

Akademik Tryoshnikov

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Ao longo de dois meses, cientistas de 7 países irão conduzir estudos inéditos no continente gelado. Um dos principais objetivos é investigar os impactos das mudanças climáticas.

A maior Expedição Internacional de Circum-Navegação Costeira Antártica (ICCE, da sigla em inglês) partiu, no último dia 22, do porto da cidade gaúcha de Rio Grande a bordo do quebra-gelo russo Akademik Tryoshnikov

A jornada reúne 61 cientistas russos e brasileiros, além de especialistas de outros 5 países – Argentina, Chile, China, Índia e Peru –, e é coordenada pelo pesquisador e explorador polar Jefferson Cardia Simões, do Centro Polar e Climático (CPC) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Ao longo de 60 dias, os pesquisadores percorrerão mais de 20 mil quilômetros ao longo da costa da Antártica, aproximando-se ao máximo das frentes das geleiras.

“O pioneirismo da expedição está em ser realizada o mais perto possível da costa antártica”, disse Simões durante o evento que antecedeu a partida.

A missão tem como objetivo fazer uma série de medições e coleta de amostras para investigar os impactos das mudanças climáticas, além de conduzir um levantamento aéreo inédito das massas de gelo na região.

Uma das questões que a expedição pretende responder, por exemplo, é se as queimadas intensas no Brasil em 2024 teriam causado prejuízo na Antártida, conforme sugerem modelos climáticos. “Vamos pegar amostras de gelo e de neve para ver se chegou até lá mesmo”, explicou o cientista brasileiro. 

 Jefferson Simões, 2022

“Em um momento de complicação na política internacional, surge a intenção de demonstrar que a cooperação científica e a parceria acadêmica refletem, acima de tudo, a essência da diplomacia científica. Trata-se de buscar soluções para problemas mútuos, com interesses compartilhados, por meio de uma ciência de vanguarda, promovida pela cooperação internacional, pelo intercâmbio de cientistas e pelo desenvolvimento conjunto de pesquisas.”

O navio Akademik Tryoshnikov (ou Akademik Triochnikov), uma das cinco embarcações quebra-gelo científicas em operação no mundo, foi concedido pelo Instituto de Pesquisa Ártica e Antártica de São Petersburgo, da Rússia.

Capaz de navegar por águas congeladas, este navio de 135 metros de comprimento e 30 metros de altura conta com um casco super-reforçado para romper as camadas de gelo e chegar a áreas antes inacessíveis.

Pesquisadores do Centro Polar e Climático da UFRGS em frente ao navio Akademik Tryoshnikov no porto de Rio Grande.

Devido à sua origem, a embarcação dispõe basicamente de alimentação russa. “Mas estamos levando uma quantidade enorme de ingredientes brasileiros, como arroz e feijão, para termos pelo menos duas refeições típicas de nosso país por semana para todos os participantes”, completou Simões.

Estão previstas 16 paradas no continente gelado, para a condução das pesquisas. A previsão é que a missão se encerre no dia 25 de janeiro de 2025.

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