1. “Três maçãs caíram do céu”, de Narine Abgaryan
“S neba upali tri iabloka” (que foi publicada como “Three Apples Fell From the Sky” pela Oneworld Publications) é uma história escrita no estilo do realismo mágico que mostra a vida em uma aldeia montanhosa isolada na Armênia. As paisagens são muito familiares à autora, nativa em russo, mas que tem raízes armênias e nasceu na URSS.
A trama do romance é composta por várias histórias de pessoas comuns, mas ousadas, com tanto amor e humor que não podem deixar de passar um sentimento positivo e elevado.
O livro, que foi originalmente escrito em 2015, recebeu o prêmio literário russo Lev Tolstoi - Iásnaia Poliana. A tradutora que verteu a obra para o inglês, Lisa Hayden, muito ligada à literatura russa contemporânea, afirma que este é, provavelmente, é o livro mais caloroso que já traduziu.
“Narine Abgaryan tece personagens maravilhosos, tragédias pessoais e históricas e muita amizade e amor - além do humor”, diz Lisa. A tradutora afirma ainda que o livro é tão otimista, que é um antídoto perfeito para tanta dor no mundo.
2.“Urbanos e Caipiras”, de Sofia Khvoschinskaia
“Gorodskie i derevenskie” é um romance do século 19 que retrata a sociedade russa na década de 1860 e foi publicado em inglês como “City Folk and Country Folk” pela Columbia University Press.
O livro foi escrito por uma mulher e, para ser publicado e ter uma recepção séria, a autora teve que usar um pseudônimo masculino. Cheia de uma crítica social que lembra Jane Austen, Khvoschinskaia zomba de uma mulher provinciana, não muito inteligente e que está longe de ser progressista ou emancipada como sua filha, que a ajuda em todos os problemas, inclusive financeiros.
Pouco conhecido na Rússia, o livro foi traduzido para o inglês pela primeira vez na série “Russian Library” da editora Columbia University e tornou-se um de seus best-sellers.
"Nos EUA, os leitores pensam que a literatura russa é pesada e séria. Talvez os gênios sejam assim, mas tem muita literatura divertida”, diz Christine Dunbar, editora da série russa.
3.“Contos sentimentais”, de Mikhail Zoschenko
Este livro o transportará para a Rússia pós-revolucionária da década de 1920, com seus textos bem-humorados sobre o “novo normal” de então. O autor zomba dos proletários que não apreciam arte e teatro e não sabem boas maneiras, mas que, após a Revolução, tornaram-se a elite da nova sociedade comunista.
Mikhail Zoshchenko foi um humorista famoso, mas, por motivos óbvios, os censores de Stálin não concordavam com sua sátira sobre a URSS e sua publicação foi proibida.
Para Christine Dunbar, o livro (publicado também pela Columbia University Press como “Sentimental Tales”) é "um volume de contos devastadores, mas, ainda assim, engraçados". Ele mostra ainda os aristocratas liberais desajustados na nova Rússia, em um cenário de apartamentos comunais superlotados, sonhando acordados.
4.“Fandango e outras histórias”, de Aleksandr Grin
As histórias neorromânticas de Aleksandr Grin do início do século 20 são cheias de aventuras, viagens, fantasia e sonhos. O primeiro livro que ele leu foi “As viagens de Gulliver”, de Jonathan Swift, e, por toda a vida, sonhou em navegar. Ele tentou várias vezes fugir de casa e ir para o mar quando criança.
Quando adulto, procurando a própria identidade, mudou muito de emprego, trabalhou como marinheiro, estivador, mineiro de carvão, garimpeiro e muito mais. Ele costumava viajar muito e, em suas histórias, descreve personagens e paisagens que viu, apesar de situá-los em um país fictício chamado "Grinland".
O romance mais famoso de Grin é “As velas escarlates”, um clássico da literatura russa, publicado em 1923 e, mais tarde, adaptado para o cinema na era soviética. Mas, no final da década de 1920, a censura soviética proibiu a republicação das obras de Grin e só permitiu que ele publicasse um novo livro por ano, já que sua estética e tramas não eram relevantes “progressistas” o suficiente para a realidade soviética. Isso deixou o escritor tão mal que em alguns anos ele morreu. “Fandango” foi publicado também pela Columbia University Press.
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