Ilustração de Ivan Bilibin para a “Princesa Sapo”.
Domínio públicoOs sapos, assim como as cobras, são representantes do mundo mágico e estão diretamente ligados a magos e forças das trevas. Na velha Rus, a previsão do tempo às vezes era prevista com base no coaxar dos sapos.
Além disso, algumas amarrações do amor eram realizadas usando esses anfíbios. No folclore russo, a icônica bruxa Bába Iagá normalmente também fazia poções mágicas com rãs e sapos.
Ilustração de Ivan Bilibin para a “Princesa Sapo”.
Domínio públicoA “Princesa Sapo” é um dos mais populares contos de fadas russos. Nele, um feitiço maligno transforma Vassilissa, a Bela, em um sapo. Ivan Tsarevich tem que se casar com esse sapo, depois de atirar sua flecha nele (por vontade do pai dele).
Em certos momentos, no entanto, Vassilissa consegue sair de sua pele de sapo e voltar ao verdadeiro eu: a bela jovem Vassilissa, a Sábia.
Vladimir Deulin “Princesa Sapo” (caixa de joias pintada com “palekh”, 1975).
Casa de leilões LitfundNo entanto, mais tarde, Vassilissa volta a se transformar em sapo. Para ajudar a mulher, Ivan queima sua pele de sapo, mas, assim, viola o acordo mágico. Para trazer Vassilissa de volta, Ivan teve que fazer uma longa jornada e passar por muitas provações.
Ilustração de “Sivka-Burka”, 1906.
Domínio públicoO cavalo era um dos animais mais reverenciados entre os antigos eslavos pagãos, e é por isso que a magnífica criatura foi tantas vezes figura central em contos populares.
O cavalo era um amigo fiel e um amante da liberdade. O cavalo selvagem era um símbolo da própria natureza: quando ele galopava, a terra se despedaçava, com vapor saindo de suas narinas.
O cavaleiro que o arreava tornava-se um ser poderoso. Os bogatires (guerreiros) russos também eram sempre retratados a cavalo, exibindo força e velocidade inacreditáveis, nas canções épicas medievais (bilinas).
Viktor Vasnetsov. “Os Bogatyrs”, 1898
Galeria TretiakovO conto do cavalo mágico Sivka-Burka é um dos mais populares. Este cavalo só aparece para quem acredita nele e o chama em campo aberto. Em seguida, para ganhar sua amizade e ajuda, é preciso completar uma estranha tarefa: entrar pela orelha direita do animal e sair pela esquerda.
Sivka-Burka ajuda o herói do conto a completar uma tarefa quase impossível para o tsar: subir ao topo de uma torre tão alta que ninguém jamais conseguiu antes e, então, beijar a princesa.
Muitas vezes, o cavalo dos contos folclóricos russos possui certos superpoderes e habilidades mágicas. Ele tem asas e chega até a levar o herói de um mundo para outro.
Дмитрий Брюханов. Иллюстрация к сказке "Конек Горбунок"
D. A. BriukhanovEle pode levá-lo até o fim da Terra, onde um ser humano comum jamais seria capaz de ir sozinho. Um cavalo também ajuda Ivan Tsarevich a resgatar sua noiva, que é mantida em cativeiro pelo malvado Koschei, o Imortal.
Desde cedo, as crianças russas sabem que a raposa é o animal mais astuto. Por quê? Porque era a única criatura da floresta capaz de enganar o Kolobok!
No conto sobre Kolobok, o herói principal é uma torta redonda feita de massa que fugiu de seus avós e está rolando por uma trilha na floresta. No caminho, ela se deparou com uma lebre, um lobo e um urso, mas conseguiu escapar de todos cantando uma alegre canção.
Mas a astuta raposa disse que não conseguia ouvi-la e, assim, atraiu Kolobok para mais perto e nhac! Devorou-a.
Дмитрий Брюханов. Иллюстрация к сказке "Конек Горбунок"
D. A. BriukhanovMas não é só o fraco e tolo Kolobok que é enganado por uma raposa. Em muitos contos folclóricos russos, a raposa personifica uma força maligna e provavelmente fará vítimas.
A história da raposa que se revelou mais astuta que um lobo forte e mau é especialmente popular. Existe até um ditado russo sobre ela: “Uma raposa engana até sete lobos”.
Bem conhecidas dos leitores russos são as fábulas de Ivan Krylov, que frequentemente pegava emprestado seus enredos de Esopo. Uma história fala sobre um corvo e uma raposa. Este último põe as mãos no queijo do corvo por meio de lisonjas.
Evgeny Rachev. Ilustração do conto russo “Kolobok”. 1964.
Museu Regional de Arte de UliánovskA raposa tem pelo menos dois apelidos: “lisichka-sestrichka” (irmã raposa) e o mais respeitoso, como se se dirigisse a uma mulher idosa - “Lisa Patrikeevna” (em homenagem ao príncipe Novgorod Patrikey, que manipulou as pessoas para seu próprio lucro). No vernáculo, há uma comparação muito popular - "astuto como uma raposa", que é mo usado para descrever as mulheres. Esta é a razão pela qual uma raposa é geralmente uma “ela” nos contos folclóricos russos.
As florestas russas têm muitos lobos, que vivem em matilhas e são considerados muito perigosos. Além disso, eles podem aparecer nas aldeias, roubar galinhas ou comer ovelhas.
Nos contos folclóricos russos, os lobos são frequentemente apresentados como personagens nefasto que representam perigo. Ao mesmo tempo, para não assustar o público com um mal tão poderoso, o lobo é dotado de características ridículas, como a tolice e a ingenuidade.
Ilustração de Ivan Bilibin do conto sobre Ivan Tsarevich, o Pássaro de Fogo e o Lobo Cinzento.
Domínio públicoMuitas vezes, nos contos de fadas, o lobo é enganado por uma raposa astuta, o que mostra que a inteligência e a sagacidade podem triunfar sobre a força.
Vasnetsov. “Ivan Tsarevich sobre o Lobo Cinzento”, 1889.
Galeria TretiakovContrariando as tendências, porém, o lobo do famoso conto “Ivan Tsarevitch, o Pássaro de Fogo e o Lobo Cinzento”, é retratado como um animal fiel e nobre que carrega o Tsarevitch em suas costas.
O lobo viaja mais rápido que um cavalo e também ajuda o jovem de todas as maneiras, até mesmo corrigindo seus erros.
Ivan Shishkin. “Manhã em uma floresta de pinheiros”, 1889.
Galeria TretiakovO urso pardo é um dos animais mais populares da cultura russa e, portanto, é praticamente o símbolo do país mundo afora. O urso também é um personagem popular nas caricaturas da Rússia. Mas também é frequentemente utilizado na heráldica russa, nos brasões de famílias nobres, e de várias cidades.
Da esquerda para a direita: os brasões de Perm, Iaroslavl, Veliki Novgorod.
Domínio públicoEnquanto o leão é normalmente chamado de “rei dos animais”, o urso era chamado de “governante da floresta” na Antiga Rússia. Este perigoso carnívoro certamente era temido por todos.
Caçadores sortudos o suficiente para sobreviver a um encontro com um urso adorariam contar sua história, embelezando o encontro com mais e mais detalhes selvagens com o passar do tempo.
Mas o temível animal era profundamente reverenciado e considerado sagrado, e era motivo de admiração e consternação entre os antigos russos. Era costume inclusive não chamar o urso de “urso”, mas por epítetos como “kosolapy” (desastrado) ou o mais afetuoso “michka” (ursinho).
Havia uma crença popular de que um tratamento respeitoso ajudaria a evitar o perigo. Além disso, garras e pele de urso eram mantidas como amuletos para afastar o mal.
Ilustração de 1935 para o conto “Macha e os Três Ursos”, recontado por Lev Tolstói.
Domínio públicoMuitas das nações que habitavam o território que hoje compõe a Rússia moderna criaram um verdadeiro culto ao urso, principalmente os os pagãos, que tinham muitos rituais relacionados a esses animais.
Isso incluía vários rituais de caça, bem como cânticos especiais que acalmavam a alma do animal morto. Além disso, algumas tribos pagãs da Sibéria juravam pela alma de um urso morto.
No entanto, nos contos folclóricos russos, a imagem do urso é bastante controversa. Por um lado, ele é um defensor dos fracos e um governante da floresta que resolve com justiça os conflitos entre outros animais.
Por outro, o urso era frequentemente retratado como um gigante gentil e até ingênuo e tacanho — em outras palavras, um desleixado. O famoso conto de fadas “Teremok” mostra como diferentes animais foram viver em um terem (casa de madeira) vazia.
O enorme urso, porém, não cabia lá dentro e destruiu a casa ao se sentar no telhado. No final das contas, os animais construíram um terem novo, e todos viveram juntos e em paz.
Evgueni Tcharuchin. Gravura de “Teremok”.
Cultura Artística da Rússia Setentrional, ArkhanguelskOs ursos também são amplamente apresentados em histórias sobre santos russos, pois ajudam a transmitir a ideia do amor verdadeiro. Por exemplo, São Sérgio Radonejsky alimentou um urso faminto e assim o domesticou. São Serafim Sarovski também conseguia alimentar ursos com as mãos.
Mikhail Nesterov. “Juventude do Venerável Sérgio”, 1892-1897.
Galeria TretiakovAté o final do século 19, ursos adestrados acorrentados eram comuns em festivais folclóricos. Além disso, as “riajenie” - pessoas vestidas de urso - eram tradicionalmente convidadas para casamentos de camponeses.
Essa domesticação dos ursos era vista como um símbolo do cristianismo triunfando sobre as crenças pagãs.
Frants Riss. “Skomorokhi (menestréis errantes) em uma aldeia”, 1857.
Domínio públicoLEIA TAMBÉM: Tudo sobre Bába Iagá, a icônica bruxa russa
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