Trama
“Lolita” é um romance escrito em forma de autobiografia por um personagem fictício chamado Humbert Humbert. A história apresenta a narração de toda sua vida, mas se concentra particularmente na parte em que o narrador se apaixona por uma garota de 12 anos chamada Dolores Haze, que ele apelidou de “Lolita”.
No início do livro, os leitores descobrem que Humbert é um pedófilo que teve por toda a vida uma obsessão sexual por garotas de nove a quatorze anos. Ele as chama de “ninfetas” e culpabiliza as vítimas, afirmando que elas têm uma natureza demoníaca que o atrai.
Em contraste com isso, o narrador sente repulsa por mulheres mais velhas e com desejos sexuais maduros.
Em uma ocasião, Humbert chega à pequena cidade de Ramsdale e encontra acomodação na casa de Charlotte Haze, de 35 anos. Ele não gosta de Charlotte e de sua casa, mas decide ficar lá porque se apaixona pela filha de Charlotte, que ele chama carinhosamente de Lolita e que tem 12 anos.
Humbert investe na jovem, mas age com cuidado para não levantar suspeitas. Ele busca oportunidades para ficar com Lolita e encontra uma “gratificação sexual” ao menor contato físico. Ele também mantém um diário, onde descreve suas fantasias quanto à garota.
Quando Charlotte, que Humbert acha repulsiva, declara seus sentimentos a ele, o homem decide entrar no jogo e se casar com ela para obter a custódia de Lolita e obter um motivo oficial para estar perto dela.
Mas um evento trágico tira Charlotte do caminho, e Humbert leva Lolita para uma viagem pelos Estados Unidos como seu único guardião. Uma noite, em um hotel, ele droga Lolita com pílulas para dormir, planejando molestá-la durante o sono, mas acaba desistindo. Na manhã seguinte, é Lolita quem inicia o ato sexual com Humbert, de acordo com o relato dele.
As relações entre Humbert e Lolita pioram à medida que ele se torna cada vez mais obsessivo e ciumento, e ela, por sua vez, mais errática.
No final das contas, ele se estabelece em Beardsley e perde o controle sobre a garota, que é seduzida por um dramaturgo chamado Clare Quilty.
Desesperado, Humbert leva Lolita para longe da cidade, mas ela foge. O atormentado padrasto passa o resto do verão procurando Lolita e seu amante, mas sem êxito.
Quando Lolita reaparece na vida de Humbert, anos depois, ela lhe conta que fugiu com Clare Quilty, que tentou explorá-la de uma maneira perversa, mas que fugiu e agora está casada com outro homem.
Embora Humbert não veja mais Lolita como uma “ninfeta”, ele implora que ela fuja com ele, pois sente que a ama mesmo assim. No entanto, Lolita se recusa.
Com o coração partido, Humbert se vinga de Clare Quilty: ele o mata em sua casa. Posteriormente, Humbert é preso. Ele morre na prisão depois de contar sua versão dos acontecimentos em um diário. Lolita, por sua vez, morre durante o parto.
O que há por trás da novela?
Nabokov começou a escrever o romance em 1946, nos Estados Unidos. Ele levou oito anos para terminá-lo. Nenhuma editora americana aceitou o livro que, aparentemente, pendia para o gênero pornográfico. O romance acabou publicado em uma editora francesa especializada em literatura de vanguarda e pornografia.
As críticas quanto ao livro foram mistas, gerando um escândalo no mundo editorial. Enquanto alguns o consideravam uma obra-prima, outros o chamavam de pornografia baixa. Após a publicação nos Estados Unidos, o livro se tornou um best-seller e Nabokov ganhou fama mundial.
À Rússia, o romance chegou em 1967, traduzido para o russo pelo próprio Nabokov – que o havia escrito originalmente em inglês. Mas sua distribuição foi feita em cópias ilegais e o livro foi condenado pelos críticos em uníssono.
Ainda hoje, o polêmico romance é objeto de debate. De fato, ele é multifacetado e vai além do enredo central, que gira em torno do molestador e sua vítima.
Nabokov explora o tema do destino e controle humano sobre a vida, do tabu, do egoísmo, do consumismo na sociedade moderna, da alienação e muitos outros. O autor mostra o poder da persuasão da linguagem e da retórica ao fazer seu protagonista defender sua inclinação pedófila.
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