Número de imigrantes despenca na Rússia

Vladímir Gerdo/TASS
Devido à pandemia do coronavírus e às inúmeras restrições e proibições de voos internacionais, trabalhadores estrangeiros estão deixando a Rússia. Êxodo terá consequências econômicas tanto a curto, como a longo prazo.

Em 2020, o número de imigrantes em Moscou caiu 40% em comparação com o ano anterior, segundo o prefeito da capital russa, Serguêi Sobiánin. De acordo com ele, a diminuição no número de trabalhadores estrangeiros afetará o mercado de trabalho, especialmente o setor público, e levará a sérias dificuldades no inverno, que começa em 1 de dezembro — quando o clima e a neve aumentam a carga sobre o setor de serviços públicos.

Em setembro de 2020, o número total de estrangeiros que trabalham no território da toda a Rússia diminuiu de 22%, em comparação com setembro de 2019, de acordo com as estatísticas do Ministério dos Negócios Internos (equivalente ao Ministério da Fazenda). Em números absolutos, o número de migrantes caiu de 2,3 milhões para 1,8 milhão de pessoas. De acordo com o Ministério, em 2020, os estrangeiros mais numerosos na Rússia eram cidadãos do Uzbequistão, Tadjiquistão, Quirguistão, Armênia, Ucrânia e Azerbaijão.

A Rússia fechou as fronteiras devido à pandemia do coronavírus em março de 2020. Somente os estrangeiros que têm parentes próximos russos ou em casos de emergência foram autorizados a entrar no país.

"Devido ao fechamento das fronteiras, muitos imigrantes não conseguiram vir trabalhar durante a primeira onda da pandemia, que coincidiu com o tradicional pico sazonal de migração de mão-de-obra. Além disso, o número de vagas também diminuiu", explica o diretor da estratégia da empresa de investimentos Finam, Iaroslav kabakov.

A desaceleração geral do crescimento econômico e o enfraquecimento do rublo também colaboraram para um enxugamento nas vagas antes ocupadas por estrangeiros, e como resultado muitos deles perderam seus empregos. A segunda onda da pandemia afetou, da mesma forma, a estabilidade das relações de trabalho entre imigrantes e empresas.

Os especialistas questionam, porém, as estatísticas do prefeito de Moscou e insistem que o real número de imigrantes que deixaram a capital russa é menor que o declarado.

"Esse número não parece estar totalmente correto, porque as estatísticas levam em conta o registro de novos imigrantes, mas não leva em conta a remoção do registro", diz o pesquisador-sênior do Centro de Estudos Regionais e Urbanos do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas, Evguêni Varchaver.

“Devido ao fechamento das fronteiras, muitos estrangeiros não entraram na Rússia, como habitualmente, mas há imigrantes que não conseguiram deixar o país e, assim, permaneceram na Rússia", diz.

"Posso afirmar que, com aumento na demanda de mão-de-obra, que ocorrerá à medida que a economia se recuperar, o fluxo de migrantes crescerá significativamente, caso não haja fechamentos de fronteiras", completou Varchaver.

Como a saída de migrantes afeta a economia russa?

"A longo prazo, podemos esperar resultados positivos, porque os empregadores serão obrigados a aumentar os salários e a melhorar o equipamento técnico", explica o professor do Instituto de Serviço e Administração Pública, Aleksandr Scherbakov. "Isto aumentará a produtividade da mão-de-obra e melhorará a qualidade do produto e, em geral, a economia se tornará mais competitiva".

No entanto, a curto prazo, as pequenas empresas e uma parte das médias e grandes empresas terão dificuldades devido à falta de mão de obra pouca qualificada. Isso pode levar à redução da produção ou até ao fechamento da empresas.

"Isso pode acontecer, mas não necessariamente. Após a pandemia, muitos imigrantes, especialmente de países com baixo padrão de vida, retornarão. Os salários, que são considerados baixos na Rússia, são bastante altos para cidadão de outros países", completou Scherbakov.

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