Nas igrejas e templos ortodoxos russos, benzer-se da maneira católica pode causar estranhamento aos membros da paróquia. Portanto, recomenda-se fazer o sinal da cruz ortodoxo, que é diferente, ou, no caso de um católico devoto, é melhor nem tentar.
No cristianismo, fazer o sinal da cruz é um ritual de bênção realizado traçando a imagem de uma cruz vertical sobre o corpo com a mão. O que difere o catolicismo da ortodoxia russa é o número de dedos usados e a ordem em que a cruz é desenhada.
Sinal da cruz católico
Entre os cristãos ocidentais, são usados cinco dedos abertos ao fazer o sinal da cruz. Os cinco dedos simbolizam as Cinco Chagas Sagradas que Jesus Cristo sofreu na cruz.
O gesto é feito tocando a mão sequencialmente na testa, na parte inferior do tórax (ou no estômago) e depois nos dois ombros. Os cristãos ocidentais (incluindo católicos e protestantes) tocam o ombro esquerdo antes do direito. Essa ordem simboliza a tradicional ideia cristã de que o lado direito é o lugar dos justos e o esquerdo, o dos condenados.
Sinal da cruz na Ortodoxia Oriental
Nas igrejas ortodoxas orientais e católicas bizantinas, as pontas dos três primeiros dedos (polegar, indicador e médio) são unidas, enquanto os outros dois (anel e mindinho) são pressionados contra a palma. Os três primeiros dedos expressam a fé na Santíssima Trindade, e os dois restantes representam as duas naturezas de Jesus, a divina e a humana.
Diferentemente dos católicos, os cristãos ortodoxos orientais tocam o ombro direito antes do esquerdo. Assim, ao colocar a mão primeiro no ombro direito e depois no esquerdo, o cristão ortodoxo pede para ser contado entre os salvos e se libertar do destino dos perdidos.
Também na Ortodoxia Oriental, há um sinal especial da cruz reservado aos padres e bispos. Apenas clérigos ordenados podem usá-lo. Chama-se “Bênção da mão do sacerdote”. Ao fazê-la, o sacerdote segura os dedos de modo que formem a abreviatura de Jesus Cristo em grego: “IC XC”: o dedo indicador é estendido para cima para formar o “I”; o dedo médio é levemente arqueado, o que significa a letra “C”; o polegar toca o dedo anelar abaixado para formar o “X”, enquanto o dedo mindinho também faz a letra “C”.
Sinal da cruz dos Velhos Crentes
Antes das reformas eclesiásticas do Patriarca Nikon (meados do século 17), os cristãos ortodoxos russos faziam o sinal da cruz com dois dedos, o indicador e o médio, simbolizando a dupla natureza de Cristo. De acordo com a decisão do conselho eclesiástico de 1551 (conhecido como Conselho dos Cem Capítulos), em Moscou, qualquer pessoa que violasse essa regra deveria ser excomungada da Igreja.
Cem anos depois, após a reforma eclesiástica de Nikon, o Sínodo da Igreja de Moscou de 1656 e, mais tarde, o Grande Sínodo de Moscou de 1666 excomungou todos os fiéis que usassem a maneira antiga de fazer o sinal da cruz com dois dedos. Como fazê-lo (fosse o sinal de dois ou três dedos) tornou-se um ponto de intenso debate entre os fiéis ortodoxos russos. Os Velhos Crentes, que não queriam aceitar o sinal da cruz de três dedos (juntamente com outras inovações da reforma do Patriarca Nikon), se opuseram aos chamados ritos de Nikon, no que ficou conhecido como Cisma da Igreja Russa. (‘raskol’).
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