Como são as vacas mais resistentes ao frio da Iakútia (FOTOS)

Aleksandr Riúmin/TASS
Apesar do tamanho menor, pode suportar temperaturas de até 70°C negativos.

A Iakútia é a região mais fria da Rússia, com temperaturas no inverno caindo para -50°C em média – porém, às vezes, ainda mais baixas. A população precisa estar bem equipada para sobreviver ao frio. Mas e a vida selvagem? O Russia Beyond já falou sobre uma raça especial de cavalos da Iakútia. Conheçam agora esta raça de vacas da Iakútia que podem facilmente passar um dia inteiro no frio congelante sem qualquer inconveniente.

Chaveirinho

A primeira coisa que chama a atenção é que as vacas da Iakútia são muito pequenas, cerca de 1,5 vezes menores do que qualquer raça europeia. Uma adulta tem apenas apenas 110 cm de altura e pesa 400 kg em média (os touros grandes podem chegar a 600 kg), enquanto outras raças de vacas costumam pesar quase 600 kg e os touros, em torno de 1.000 kg.

A vaca da Iakútia tem pernas curtas e fortes, além de lã grossa de cores diferentes. Isso é essencial para a sobrevivência no frio extremo no inverno, mas também de proteção contra a invasão de mosquitos no verão.

Aguenta frio de -70°C

Na Iakútia fica o chamado “polo do frio”. Oimiakon e Verkhoiansk são alguns dos pontos mais frios da Terra onde há pessoas vivendo permanentemente. Algumas temperaturas registradas nesses locais chegaram a -70°C, mas também faz frio em outras áreas da região.

No inverno, as vacas não pastam nos prados, mas ainda seguem para o poço. Alguns fazendeiros costuram “sutiãs” para elas manterem seus úberes aquecidos em qualquer clima.

Houve um caso no distrito de Eveno-Bitantaiski, no norte da Iakútia, em que três vacas jovens foram passear em meados de setembro e voltaram para casa somente em dezembro a -40°C. Na natureza, as vacas selvagens se alimentaram capim velho e neve.

No distrito de Vilui, no centro da Iakútia, uma vaca também saiu de casa em setembro e voltou no final de janeiro. No retorno, ainda deu à luz um bezerro do lado de fora, a -45°C.

“Gene do frio”

Acontece que a tal “resistência” deriva da natureza, segundo cientistas do Instituto de Citologia e Genética da Seção Siberiana da Academia Russa de Ciências. 

Os pesquisadores identificaram uma mutação genética na vaca da Iakútia, também encontrada em focas e morsas. Quando esfria, os batimentos cardíacos diminuem, e o corpo desses animais economiza energia.

Além disso, a vaca da Iakútia tem um trato digestivo mais longo do que outras vacas, o que significa que podem digerir alimentos menos nutritivos e menos suculentos.

Resta estudar como essas vacas apareceram na Iakútia, mas sabe-se que a espécie se separou das europeias há cerca de 5.000 anos – os ancestrais dos bois e vacas, auroques, foram domesticados há 8.000 anos no Oriente Médio. 

Essas vacas foram capazes de evoluir e se adaptar às condições climáticas da Iakútia.

Antes ameaçada de extinção

Apesar de sua resistência, a raça da Iakútia é bastante rara. Devido ao fato de produzirem pouco leite e carne, não são rentáveis para reprodução. Nos tempos soviéticos, quando fazendas coletivas e estatais se formaram por todo o país, a raça da Iakútia foi cruzada com outras para aumentar a quantidade de leite. Mas isso só levou à redução de vacas indígenas.

A vaca da Iakútia dá pouco leite, mas seu teor de gordura é cerca do dobro das raças europeias – até 11% e contém mais proteínas e minerais.

Atualmente, cientistas e fazendeiros estão revivendo a população de vacas da Iakútia. Existem hoje aproximadamente 2.500 delas, incluindo 900 vacas leiteiras.

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