“Em sua companhia, os inseguros se sentiam cheios de determinação, enquanto os valentes que se depararam com ela, recuavam”, escreveu o historiador Ioannis Filimon sobre Laskarina Bouboulina, a heroína da Guerra da Independência Grega contra o Império Otomano. Sua reputação pelos atos de bravura ressoou além da Grécia, tendo sido também objeto de fascínio russo.
Fato é que Bouboulina teve uma vida fascinante.
Ela nasceu em uma prisão de Constantinopla, onde sua mãe costumava visitar o pai, que participou da revolta antiturca de 1769 e 1770.
O segundo marido de Laskarina também participou da Guerra russo-turca de 1806 a 1812. Após sua morte nas mãos de piratas argelinos, Laskarina herdou uma fortuna. Ela poderia ter passado a vida no conforto, criando seus seis filhos. No entanto, Bouboulina decidiu seguir os passos de sua família e se juntou à Revolução Grega.
De heroína grega...
Mesmo antes do levante, Bouboulina fornecia recursos financeiros à organização secreta ‘Filiki Eteria’ (Sociedade de Amigos, em grego), que lutava pela independência. No início da Revolução Grega, em 1821, ela já comandava sua própria frota, composta por oito navios de guerra, liderados pela corveta de 18 canhões, a ‘Agamenon’. Apesar de ter mais de 50 anos na época, participou pessoalmente da luta. Sua frota ajudou a libertar várias cidades e a tomar a Fortaleza de Palamidi, em Nafplio. A cidade se tornou a primeira capital da Grécia moderna.
Em maio de 1821, durante a batalha de Argos, Bouboulina perdeu seu filho, Yiannis Giannuza. O historiador grego Anargyros Hatzianargyros, que testemunhou a luta, escreveu mais tarde: “É realmente uma cena rara na história do homem: uma mulher pega em armas, uma mulher rica que decide sacrificar no altar da pátria seus navios, seu dinheiro e seus filhos (...) ela tinha um coração de leão”.
Mesmo diante de tantos perigos nos confrontos, a morte de Bouboulina não ocorreu no campo de batalha. Em 1825, ocorreu uma briga entre as famílias Bouboulina e Kutzis – que não desejavam casar sua filha com o filho de Laskarina, que acabou sendo morta a tiros durante uma discussão acalorada. Cinco anos depois, a Grécia enfim conquistaria sua independência.
...a heroína russa
Bouboulina era bastante conhecida e respeitada no Império Russo. O povo grego - também cristãos ortodoxos, despertavam uma profunda admiração na sociedade russa.
Laskarina – conhecida como ‘Bobelina’ na Rússia – era frequentemente retratada em pinturas (curiosamente, sempre a cavalo, em vez de estar à frente de um navio) e tema de inúmeras obras de ficção literária – incluindo as de Gógol e Turguêniev.
O imperador russo Aleksandr 1º, ao saber da morte de Bouboulina, concedeu-lhe postumamente o honroso título de almirante da Marinha Imperial Russa. Em toda a história da Rússia, ela continua sendo a única mulher a receber tal honra.
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