Como os nobres entraram na elite bolchevique

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Russia Beyond (Foto: Domínio público; Derek Berwin/Fox Photos/Getty Images)
Muitos membros da nobreza permaneceram para trabalhar no país dos soviéticos. Eles defenderam os interesses da União Soviética na arena diplomática, ajudaram a desenvolver a economia do país e garantiram a sua segurança interna.

  1. Vladímir Lênin

O nobre mais famoso que escolheu o caminho da luta revolucionária e acabou liderando o “Estado socialista de trabalhadores e camponeses” foi Vladímir Ulianov, conhecido pelo sobrenome Lênin. Em 1877, seu pai Iliá Ulianov recebeu o posto de conselheiro do Estado real, que dava o direito à nobreza hereditária para si, sua esposa e seus filhos.

Lênin também tinha nobres na família de sua mãe. Na década de 1840, seu avô Aleksandr Blank subiu ao posto de conselheiro da corte e, tendo recebido o direito à nobreza hereditária, adquiriu a fazenda Kokúchkino, na província de Kazan.

“Eu também morei na fazenda que pertencia ao meu avô. De certa forma, também sou filho de um proprietário de terras”, escreveu Lênin. “Muitos anos se passaram desde então, mas ainda não esqueci os aspectos agradáveis da vida na fazenda, não esqueci nem suas tílias nem de suas flores. Execute-me, mas lembro-me com prazer de como dormia no feno ceifado, mas não o ceifava, comi morangos e framboesas dos canteiros, mas não os plantei, bebi leite fresco, mas não ordenhei as vacas.”

  1. Gueôrgui Tchitcherin

Poucos bolcheviques podiam se gabar de uma genealogia como a de Gueôrgui Tchitcherin. Proeminente diplomata soviético, pertencia, por parte de mãe, à família baronial Meyendorff de Ostsee. Gueôrgui, no entanto, escolheu o caminho da luta pelo socialismo.

Por doze anos, Tchitcherin chefiou o departamento de relações exteriores do país, ocupando o cargo de Comissário do Povo (Ministro) das Relações Exteriores. Ele pessoalmente garantiu a assinatura do Tratado de Brest-Litovsk, que permitiu que a URSS saísse da Primeira Guerra Mundial. Além disso, desempenhou um papel crucial para tirar o país do isolamento internacional em que se encontrava após os bolcheviques chegarem ao poder.

“Tchitcherin é um trabalhador magnífico, consciente, inteligente, conhecedor”, disse Lênin sobre Tchitcherin.

  1. Valerian Kuibichev

Um dos membros do governo soviético e principal conselheiro econômico de Stálin, Valerian Kuibichev, nasceu em Omsk na família de um tenente-coronel, Vladímir Kuibichev, e uma professora primária, Iúlia Gládicheva. Apesar da origem nobre, a família vivia em pobreza.

“As rendas do pai e da mãe eram suficientes apenas para viver e ensinar os oito filhos. Roupas e sapatos sempre passavam do mais velho para o mais novo”, escreveu a irmã de Valerian Kuibichev, Elena.

Kuibichev foi responsável pelo desenvolvimento da economia nacional da União Soviética, bem como pela eletrificação e industrialização do país. No entanto, Valerian não conseguiu apreciar plenamente os resultados de seu trabalho – ele morreu em 1936 em decorrência de uma trombose da artéria coronária cardíaca, com apenas 46 anos de idade.

  1. Féliks Dzerjinski

A história do nascimento dos órgãos de segurança do Estado soviético está diretamente ligada ao nome dessa pessoa. Filho de um nobre polonês, proprietário da fazenda Dzerjínovo, perto de Minsk, Félix Dzerjinski se tornou um dos fundadores e o primeiro chefe da Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para Combater a Contrarrevolução e a Sabotagem (VTchK), antecessora da KGB na URSS e da FSB na Rússia. Félix Dzerjinski, por muitos anos, foi o símbolo do sistema repressivo soviético.

Conhecido como “Félix de ferro”, Dzerjinski foi o principal ideólogo das repressões em larga escala, do “Terror Vermelho”, que ele mesmo definiu como “a intimidação, prisão e destruição dos inimigos da revolução com base em sua filiação de classe ou seu papel nos últimos períodos pré-revolucionários”.

  1. Geôrgui Malenkov

Logo após a morte de Iôssif Stálin, em 5 de março de 1953, um de seus companheiros mais próximos, Gueôrgui Malenkov, tornou-se líder da União Soviética. Eleito no mesmo dia como presidente do Conselho de Ministros da URSS, ele ocupou imediatamente o gabinete.

Malenkov pertencia a uma conhecida família nobre de sacerdotes macedônios da cidade de Ohrid, dos quais alguns se mudaram para a Rússia.

Gueôrgui Malenkov conseguiu permanecer no comando do Estado por quase dois anos. Nesse período, reduziu gastos com defesa, realizou reformas na indústria leve, reduziu os impostos para camponeses e perdoou as dívidas agrícolas coletivas. Como resultado, o bem-estar das aldeias aumentou significativamente. Uma “tchastúchka” (tipo de canção folclórica humorística russa) que se tornou popular dizia: “Ai! Obrigado, Malenkov! Você decidiu manter as vacas. Mas que Stálin continue deitado: não deixou que se mantivessem as cabras!”

“Formalmente, ele foi culpado por erros de cálculo e erros políticos. Mas, na verdade, seus colegas não o perdoavam por ter passado a tomar decisões importantes sem consultá-los”, escreveu Mikhail Smirtiukov, um alto funcionário do governo da URSS.

No início de 1954, Khruschov recebeu a renúncia de Guêorgui Malenkov do cargo de presidente do Conselho de Ministros da URSS.

Malenkov ficou responsável pelo setor de energia da URSS. Mas, após uma tentativa fracassada de tirar Khruschov do poder, em 1957, caiu em desgraça e deixou a política para sempre.

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