Trólebus MTB-82 moscovita de 1954.
Pavel Kazachkov (CC BY-SA 4.0)Bondes
“F”
Os bondes elétricos surgiram em Moscou em 1899, mas o mais popular dos primeiros modelos foi criado em 1908. Era o modelo “F” (de “Fonarni”, ou seja “com lanterna”), uma carruagem produzida em São Petersburgo. O nome é proveniente de uma construção especial com unidades de vidro no teto. Servia para deixar mais luz da rua entrar na carruagem e era comumente chamada de “lanterna”. O chassi do “F” era de madeira e tinha revestimento de aço. A carruagem não tinha portas e os passageiros costumavam entrar e sair enquanto o veículo fazia curvas em velocidade mínima. O “F” também operava com motores com várias modificações e só foi retirado de serviço em Moscou na década de 1950.
“RVZ-6”
O “RVZ-6” foi um caso especial: este modelo de sucesso se espalhou por toda a URSS e ficou em uso por décadas, apesar de ser considerado “exótico” em Moscou. O motivo era que a capital tinha escolhido os bondes “Tatra” (dos quais falamos mais adiante) em detrimento deste. O “RVZ-6” foi projetado em Riga, na República Soviética da Letônia. Depois de 1960, sua linha de produção continuou por quase 30 anos - os engenheiros letões faziam de tudo para atualizar o veículo. O “RVZ-6” tinha um corpo leve, feito de folhas de alumínio rebitadas. Além disso, tinha um sistema de condução com pedais, algo bastante exótico para bondes. Como Moscou subestimou o modelo, ele só foi usado ali entre os anos de 1960 e 1966 e, em seguida, todas as oito carruagens moscovitas foram enviadas a Tashkent, na República Soviética do Uzbequistão.
“Tatra T2”
O bonde “Tatra” era inspirado em um modelo dos EUA e começou a ser fabricado a partir da década de 1950 na Tchecoslováquia sob licença. O “Tatra T2” modificado surgiu pela primeira vez em Moscou em 1959: foi o início de uma nova era na história dos bondes de Moscou. Ele era muito mais conveniente do que qualquer outro modelo soviético: o motorista tinha um assento confortável e a carruagem estava equipada com rodas emborrachadas, em vez de totalmente metálicas, ou seja, o “Tatra T2” rodava pela cidade sem fazer barulho. Todas as carruagens desta modificação também tinham um sistema de aquecimento de inverno melhorado. Além disso, o peculiar desenho do modelo não se assemelhava a nenhum outro bonde. O “Tatra T2” foi retirado de serviço em 1981 e substituído pela geração seguinte de bondes: o “Tatra T3”, que teve tanto sucesso quanto o modelo precedente.
Ônibus
“AMO-4”
Os primeiros ônibus que surgiram em Moscou, entre 1922 e 1924, eram importados da Inglaterra, mas os engenheiros soviéticos rapidamente projetaram um modelo local: o “AMO-4”, em homenagem à fábrica AMO. O nome do modelo também significa chassis de ônibus e teve duas modificações na carroceria. O segundo tinha uma quarta porta nos fundos, para que pudesse ser convertido em ambulância. O chassi também foi melhorado: era feito de tábuas, em vez de vigas, e tornou-se mais flexível, para que os pavimentos irregulares de Moscou não o desgastassem muito rápido.
“ZIS-8”
Na década de 1930, a fábrica AMO foi rebatizada em homenagem a Iôssif Stálin, por isso sua nova abreviação foi ZIS (“Zavod imeni Stalina”, ou seja, “Fábrica Stálin”). Depois disso, os engenheiros projetaram um novo ônibus, o “ZIS-8”. Ele era baseado em um modelo de ônibus americano com alterações significativas: a construção foi simplificada e os freios dianteiros ficaram mais confiáveis. Como o “AMO-4”, o “ZIS-8” tinha uma pequena janela para exibir o número da rota acima do para-brisas. Nas laterais da janela havia duas lâmpadas mostrando o código de cores da rota, para torná-la reconhecível à distância – essa ideia foi tomada de empréstimo do sistema de bondes. O “ZIS-8” acabou se mostrando conveniente e fácil de fabricar, por isso foi usado em outras cidades da URSS e até mesmo vendido para exportação. A ZIS começou então a projetar muitas modificações de ônibus.
“LiAZ-677”
Um dos grandes sucessos seguintes de ônibus de Moscou foi projetado em 1962, em uma fábrica em Likino-Duliovo, na região de Moscou. Ele se chamava “LiAZ-677” e era usado por toda a URSS. O “LiAZ-677” surgiu em 1967 em Moscou pela primeira vez e ficou em operação até os anos 2000. Este ônibus tinha um vão suspenso flexível baseado em cilindros pneumáticos, por isso as pessoas começaram a chamar o “LiAZ-677” de “lunokhod” (“sonda lunar”). O motor foi colocado na parte frontal do chassi e o tubo de escape passava por baixo do piso - esta solução de engenharia também aquecia o compartimento. No entanto, à medida que o sistema envelhecia, começava a encher o ônibus com o cheiro dos gases de escape. O “LiAZ-677” também é lembrado por balançar muito e fazer um barulhão de peças desgastadas que lembrava o tilintar de garrafas vazias.
“Ikarus-180”
Os ônibus “Ikarus”, da Hungria, eram muito populares na URSS. Eles começaram a surgir no final da década de 1960, mas só os maiores modelos operavam em Moscou. Um deles foi o “Ikarus-180”, o primeiro ônibus articulado na União Soviética. Tinha apenas 37 lugares, mas podia transportar 169 passageiros no total, graças à sua construção em duas seções. O centro do “Ikarus-180” fez com que os soviéticos apelidassem este modelo de "garmoshka" (“acordeão”) ou “aspirador de pó”. Além disso, seu motor a diesel era uma sensação, se comparado a outros ônibus soviéticos que tinham motores a gasolina. Mais tarde, o “Ikarus-180” serviu de base para o modelo melhorado “Ikarus-280”.
Trólebus
“LK”
Moscou recebeu seus primeiros trólebus ou ônibus elétricos em 1933. O primeiro modelo da cidade se chamava “LK” em homenagem a Lazar Kaganôvitch, o homem por trás da ideia de equipar Moscou com transporte elétrico. O primeiro trólebus da capital tinha chassi de madeira revestido de metal e duas portas que o motorista e o condutor abriam manualmente. O “LK” era confortável para os passageiros: havia assentos acolchoados e aquecedores e redes para bagagem. Ao mesmo tempo, a cabine do motorista não tinha aquecedor e o chassi de madeira fazia rangidos terríveis durante o movimento. De qualquer forma, esse novo tipo de transporte ganhava uma tremenda popularidade com o passar dos anos.
“YaTB-3”
O “YaTB-3” surgiu em 1939 e era o mais extravagante trólebus de Moscou, pois tinha dois andares. Ele era o equivalente soviético de um modelo inglês comprado para a capital da URSS em 1937. O trólebus podia levar até 100 pessoas, mas não era fácil de operar. Todos os cabos de trólebus tiveram que ser elevados um metro mais alto e os postes de trólebus (coletores de energia) dos modelos usuais muitas vezes tinham que ser rebaixados. O “YaTB-3” também era desconfortável para passageiros altos, já que os tetos dos dois decks eram muito baixos. Além disso, só era possível viajar no segundo andar sentado - passageiros em pé podiam alterar o centro de gravidade, o que colocava em jogo a estabilidade do veículo. A circulação desses trólebus diminuiu pouco a pouco até 1953, quando finalmente todos eles foram retirados de serviço.
“MTB-82”
O “MTB-82” surgiu em Moscou em 1946 e era bem diferente dos modelos anteriores. Por exemplo, ele tinha um chassi universal que podia ser usado como trólebus, bonde ou ônibus. Seu chassi era feito de alumínio e coberto com o mesmo metal, por isso não fazia nenhum rangido e era consideravelmente mais leve. As portas não precisavam mais ser abertas manualmente, pois tinham acionamento pneumático. Além disso, todas as peças podiam ser facilmente consertadas. O “MTB-82” podia transportar 100 pessoas, assim como o “YaTB-3”, mas também tinha problemas de tamanho: era mais largo que todos os outros trólebus, por isso os motoristas muitas vezes batiam em veículos que passavam e postes de luz. Foi por isso que a fabricação do “MTB-82” foi interrompida em 1961, mas os veículos continuaram em circulação até 1972, quando finalmente foram retirados das ruas moscovitas. Hoje, na verdade, todo e qualquer trólebus é história pura: em 2020, Moscou deixou de usar esse tipo de transporte público e, em setembro daquele ano, foi inaugurada uma rota de museus.
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