Nina Sokolova: a primeira mergulhadora soviética

Tenente-coronel de Engenharia Naval Nina Sokolova
No total, ela passou 644 horas, o equivalente a quase 27 dias, debaixo d'água durante sua vida.

"Uma trabalhadora jovem e enérgica que aprimora constantemente seu conhecimento e experiência. Firme e persistente em atingir seus objetivos. É corajosa e ousada. Ela tem um grande interesse na profissão naval... É exigente e goza de respeito entre seus companheiros de serviço e subordinados." Foi assim que o contra-almirante Foti Krilov descreveu Nina Vassílievna Sokolova, a primeira mergulhadora da União Soviética.

Uma estreia bem-sucedida

Sokolova fez seu primeiro mergulho profissional em 1938, durante a construção do porto de Sochi. Como engenheira hidráulica, ela foi enviada ao local para dirigir um grupo de mergulhadores.

Naquela época, o trabalho de mergulhador era considerado uma profissão exclusivamente masculina. Supunha-se que Nina Vassílievna ficaria em terra o tempo todo. Mas ela não estava feliz com essa ideia.

Ela exigiu que lhe dessem um equipamento de mergulho (um traje com três parafusos, conhecido simplesmente como "três parafusos"), para que pudesse supervisionar pessoalmente o andamento do trabalho debaixo d'água. Não foi uma tarefa fácil: a roupa pesava 80 kg, enquanto ela própria, então com 26 anos, pesava apenas 50 kg.

No final, Sokolova não apenas conseguiu lidar com a situação, mas também se apaixonou pelo mergulho.

Primeira entre as mulheres soviéticas

Persistente e obstinada, Nina Vassílievna conseguiu ser aceita como mergulhadora profissional. Para isso, ela teve que acionar as mais altas instâncias de governo: a permissão foi concedida pelo então presidente do Presidium do Soviete Supremo da União Soviética, Mikhail Kalínin.

Um traje de mergulho especial foi projetado para a jovem, embora ainda fosse bastante pesado para ela. Em 1939, enquanto estava encarregada da construção de um cais na cidade de Poliarni, às margens do Mar de Barents, ela já estava fazendo mergulhos regulares na água gelada.

Certa vez, Sokolova quase morreu durante o trabalho. "Ela deveria pular da popa para um barco. Estava frio e, com seu casaco de pele de carneiro de comprimento médio e 'valenki' [botas de feltro], ela desapareceu na água assim que mergulhou. Eles a tiraram rapidamente, mas ela poderia facilmente ter congelado. Em uma palavra, foi um batismo. Eles lhe deram uma bebida forte", lembrou Marina, filha de Nina Vassílievna.

Na sitiada Leningrado

Quando a Wehrmacht invadiu a URSS no verão de 1941, Nina Sokolova estava trabalhando como engenheira hidráulica de um destacamento de operações técnicas subaquáticas no serviço de salvamento e resgate da Frota do Báltico em Leningrado. Em 8 de setembro, a cidade se viu cercada pelo inimigo.

Sitiada por tropas alemãs e finlandesas, a única ligação de Leningrado com o "continente" era por água, através do Lago Ladoga. Essa "Estrada da Vida" foi usada para enviar alimentos e munição para a cidade e para evacuar a população.

Nessas condições, o trabalho dos homens-rã foi de vital importância. Eles instalaram um cabo telefônico ao longo do fundo do lago e também conseguiram retirar grãos de barcaças afundadas.

Na primavera de 1942, Sokolova apresentou a ideia de instalar um oleoduto ao longo do fundo do Lago Ladoga para abastecer Leningrado. A sofrida cidade tinha apenas pouco mais de três meses de suprimento de combustível.

Naquela época, ninguém no mundo tinha experiência na construção de dutos arteriais submarinos. Mas a ideia de Nina Vassílievna recebeu aval do Kremlin.

Um projeto ousado

Sokolova participou do levantamento topográfico do fundo do lago e encontrou a melhor rota para instalar os dutos. Uma barcaça afundada que estava no caminho do futuro duto de gasolina teve que ser explodida.

O assentamento dos dutos foi feito literalmente debaixo do nariz do inimigo e estava sujeito a bombardeios constantes. Além disso, o clima atrapalhou o trabalho: logo no primeiro dia, houve um vendaval no Lago Ladoga e um tubo de um quilômetro se rompeu e foi levado pelas ondas.

Em 16 de junho de 1942, após 43 dias de trabalho, o oleoduto foi colocado em funcionamento. Ele tinha 29 km de comprimento, dos quais 21 km estavam submersos a profundidades de até 35 metros. A capacidade era de cerca de 350 toneladas de combustível por dia. No total, ele deveria abastecer Leningrado com mais de 40.000 toneladas de gasolina.

No verão e outono de 1942, Nina Vasilievna participou da instalação de um cabo de alta tensão para levar eletricidade à cidade sitiada, que ficou conhecido como o "Cabo da Vida". Durante seu trabalho, ela acabou sofrendo concussão cerebral e lesões nas pernas e nos ombros.

Vida civil

Após a guerra, a tenente-coronel Sokolova, engenheira naval, participou da restauração de pontes danificadas e da infraestrutura portuária em Leningrado e Tallinn. Posteriormente, ela se dedicou ao ensino.

Os prêmios de Nina Vassílievna incluíram duas Ordens da Estrela Vermelha, Ordens da Guerra Patriótica de 1ª e 2ª Classes e as medalhas "Pela Defesa de Leningrado" e "Pelo Mérito de Batalha". No total, ela passou 644 horas, o equivalente a quase 27 dias, debaixo d'água durante sua vida.

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